26 de mai. de 2012

Pessoal ou impessoal?




Pessoal ou impessoal?


Ultimamente tenho refletido bastante sobre a forma como eu me relaciono com o Yoga e com a espiritualidade. Sem entrar no mérito semântico do significado destas palavras, procurei encontrar dentro de mim uma resposta realmente profunda e verdadeira que explicasse onde eu quero chegar com tudo isso.

Percebi que no início meu foco era no corpo. Fui parar no Yoga devido a uma doença crônico-degenerativa que tenho na coluna, que aos poucos vai transformando meus discos intervertebrais em esponjas; e aos quinze anos de idade as dores que eu tinha eram indescritíveis. Meu médico me receitou uma atividade onde eu pudesse alongar e ao mesmo tempo fortalecer a musculatura. Yoga era um pouco difícil de encontrar naquela época (exatos quinze anos atrás) e consegui praticar em um clube pertinho da minha casa.

Durante alguns anos, e algumas descobertas depois, fui entendendo que indiretamente aquela prática também influenciava no meu estado emocional. E logo em seguida, percebi  que existia uma vibração em torno de mim que às vezes era forte às vezes fraca, e em determinados ambientes aquela energia simplesmente ia embora, abrindo um buraco e criando um vazio muito grande.

Continuava praticando, procurando manter aquela energia de mais forma equilibrada, sem tantas oscilações. E em paralelo fui aliando a leitura de textos antigos, com professores mais experientes, que explicavam toda a origem daquela prática, e que me mostravam onde ela poderia me levar. 

A partir daquele momento fui começando a entender onde EU queria chegar. 

Até que num determinado momento  após anos de prática e estudo, fui percebendo que o que eu sentia na verdade era algo muito mais simples do que eu imaginava. Era amor! Sim, amor puro e simplesmente. Algo que às vezes transbordava e que parecia nem caber dentro de mim.

Quanto mais eu me amava, me cuidava, escolhia com carinho os alimentos, as relações, mais eu desenvolvia o amor por mim e pelas pessoas. Tornei essa relação o meu meio de sobrevivência e fui conhecer mais ferramentas para que eu pudesse transmitir para as pessoas aquela mesma sensação que eu tinha. 

Mas eu também me perguntava: De onde vinha todo este amor? 

Indo um pouco mais a fundo dentro do hinduísmo, me deparo com a seguinte questão: A experiência de amor também esta relacionada com a forma como nos relacionamos com Deus. Ele é o emissor de todo este amor. Logo, precisamos nos unir a ele.

Mas de que forma eu me uno a Deus. O que é Deus? Como é ele é? De que forma eu vejo Deus? 

É uma pessoa? Uma energia? Uma luz brilhante?

Foi então que comecei a pesquisar sobre o assunto, e vi que existem duas formas de entender a figura de Deus. A forma pessoal ou impessoal. Estou muito longe de ser alguma autoridade no assunto, o que trago aqui é apenas a minha interpretação pessoal sobre um tema extremamente complexo (mas que se encaixa muito bem nas minhas respostas sobre a forma como eu me relaciono com o Yoga).

Quem pratica Bhakti-Yoga, tem claramente este objetivo: Que é desenvolver o amor por Deus no seu aspecto pessoal. Reconhece a forma, os hábitos e tem uma relação de intimidade com Deus. 

Afinal de contas, se existe uma fonte emissora de energia e amor, porque eu vou oferecer minha devoção somente a aquilo que ela emana. É como o Chandramukha Swami, um vaishnava muito querido pela comunidade Hare Krishna falou em uma de suas gloriosas aulas: As pessoas abrem as janelas de suas casas pela manhã e dizem: “O sol entrou no meu quarto”. Mas sabemos que é impossível que o astro na sua magnitude possa entrar em algum lugar. O que entrou foram os raios, o calor produzido pelo Sol. Mas não o Sol em si.

Ele continua explicando que mesmo os raios fazem parte do Sol, e que um, não existe sem o outro. Então o raio também é o próprio Sol. Um está contido no todo e o todo está contido em um.

Em resumo, a devoção acontece quando existem duas partes separadas (mesmo que ainda contidas nas mesmas).  Para que se estabeleça a devoção eu sou de alguma maneira, separado daquilo que eu direciono o meu amor.

Agora, se você pergunta para um Yogue (de qualquer linha, um Raja Yogue), qual o seu objetivo com a prática? Ele pode te responder: Minha meta última é atingir libertação (moksha), a completa união com o absoluto. Eu me uno ao absoluto e me libero da roda de reencarnações.

Ele não reconhece que Deus tem uma forma definida, ele se relaciona com o TODO, com Deus no seu aspecto absoluto. Tudo pode ser Deus. Ouvi em uma aula sobre hinduísmo com o brilhante professor Lokasaksi Dasa, uma história bem interessante sobre isso. Certa vez a esposa do professor Hermógenes teve a oportunidade de fazer uma pergunta ao Sathya Sai Baba, e ela astutamente perguntou: É verdade que você é Deus? Ele respondeu: Sim eu sou Deus. E continuou: “Mas você também é Deus. A única diferença entre eu e você, é que EU estou consciente de que eu sou Deus.”

São dois objetivos bem diferentes não é? Reconhecer ou não a forma de Deus? Usufruir das técnicas do Yoga para se aproximar de Deus. O que antes era apenas um benefício incrível para meu corpo físico, agora se torna um caminho de elevação da minha alma. É importante em algum momento a gente parar um pouco e se perguntar: Onde isso vai me levar? 

O Yoga físico é apenas uma fase preparatória para algo que esta muito mais além. Experimentar este sentimento de amor me preenche de felicidade e satisfação. Sei nunca vou encontrar isso em nenhum outro lugar. Eu acho muito legal quando alguém me pergunta sobre qual linha de Yoga eu ensino, e é claro, eu tenho minhas preferências em relação à forma de fazer os Ásanas, mas o que eu respondo é: "Aquela em que eu consigo transmitir mais amor".

Como já falei em outros textos, a devoção me levou a um outro nível de entendimento da minha existência. Sou completamente leiga e apenas uma estudante de primeira série em um curso que dura mais de mil anos, mas corajosamente compartilho com vocês esta passagem; pois ter entrado em contato com tudo isso, me tornou uma pessoa muito melhor e uniu ainda mais minha mente, meu corpo e meu coração!

Desejo a todos vocês: ANANDA - ÊXTASE - FELICIDADE SUPREMA!!!

De que forma vocês vão conseguir isso... bom, neste caso é exatamente como no programa de Milhagem da Varig: "Totalmente pessoal e intransferível"!!!

Ommmm 



4 comentários:

  1. Olá,Bom Dia!
    Amei seu depoimento,é exatamente assim que me sinto,mas não conseguiria expressar com palavras...me identifiquei muito com tudo que vc sente e pra mim o Yoga é isso mesmo união com o todo.Bjos Fique na luz e na paz.NAMASTÊ!
    Itamara Da Silva-

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  2. Obrigado pelo carinho Itamara! Fique na luz também! Namastê

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  3. A grande pequena viagem
    prepara para a experiência
    da pequena grande viagem
    ao reencontro da essência.

    Leo Jesus.

    muito interessante teu blog! Bjs

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  4. Amei Bhá, obrigada por compartilhar.
    Beijos

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