30 de jul. de 2012

Ah.. o amor!





Ahhh o amor...

Já algum tempo eu venho pensando sobre o tema, amor. E também procurando perceber em todas as fases da minha vida as diferentes formas e expressões de amor. O que me deixa um pouco triste, e também preocupada é perceber que muitas vezes nas relações, principalmente conjugais, o amor está um pouco adormecido. 

Quando digo adormecido, quero dizer que ele está presente, mas apenas não manifestado. O carinho, o afeto estão lá, mas a densidade de sentimentos como o ciúmes, a possessividade, insegurança trazem um peso tão grande que até o mais nobre dos sentimentos não tem força suficiente para ser despertado.

Hoje uma amiga muito querida, infelizmente terminou uma relação de quase dois anos, e me disse a seguinte frase: "Preciso encontrar um homem com alma feminina. Ou irei me abster das relações. Estou cansada do ciumes doentio e possessividade, além das grosserias verbais e de atitudes machistas."

Mas o que seria esta alma feminina que ela se refere. E porque apenas feminina. O homem em sua essência não pode manifestar docilidade e sensibilidade. Tenho o orgulho de dizer que tenho alguns amigos que realmente parecem ser mais sensíveis, e não só amigos, mas consigo reconhecer esta delicadeza em muitos outros seres.

O amor, prema, é um sentimento muito maior do que o elo que é criado entre duas pessoas. O amor puro e verdadeiro talvez não possa nascer entre seres humanos, e sim desenvolvido apenas entre os seres superiores que são perfeitos em sua forma e concepção.

Isso porque quem ama não é o corpo, é a alma. A alma é Sat Chit Ananda, consciência pura. Ela sim consegue gerar este amor puro. Mas como acessar esta alma vivendo em uma sociedade como a nossa. É possível agir a partir da nossa essência e fomentar o amor pela alma das outras pessoas? Existe tal pureza entre os mortais? Não passamos a vida tentando nos esconder atrás de tantos véus?

É nadar contra a maré?

Amar é apodera-se do outro? Que sentimento é este que foi nos ensinado que para provar que existe amor, é preciso exercer algum poder regulador sobre o outro? O respeito deveria ser imposto desta forma?

Uma ótima referência para este tema vem do conhecimento primordial do amor, e ninguém melhor para tratar deste assunto que o Bhakti-Yoga, o amor devocional. A diferenciação entre o mundo material e o mundo espiritual, pode explicar muito bem o porque destes apegos. Se estamos agindo no modo da ignorância, as ações são impensadas, queremos apenas satisfazer os desejos mais grosseiros do nosso ego. Grosseiros no sentido de rudimentares, densificados. A medida que vamos avançando, estudando e praticando os aspectos práticos desta filosofia, temos a oportunidade de ver as coisas com outros olhos. E de alguma forma elevando nosso sentimento e o que geramos nas outras pessoas. Se o corpo assim já não tem tanta importância, porque que eu iria me achar dono de alguém? Se o meu próprio corpo também não me pertence. É muito estranho e mesmo aterrorizante pensar desta forma, mas não seria muito mais simples se a gente conseguisse entender que o amor não prende, que o amor liberta. Porque a maioria das pessoas ainda não compreendeu isso?

Sendo homens ou mulheres, é essencial que a gente busque o desenvolvimento pessoal, e vejo que cada vez mais, as relações, de alguma forma funcionam melhor se existe esta conexão. Se ambos estão buscando crescer como indivíduos, e não apenas olhando no seu próprio umbigo e satisfazendo este ego imperfeito.

A pratica do Yoga ajuda muito, e não porque é bonito, ou porque está na moda fazer Yoga, e porque quereremos ficar com o corpo igual o da Madonna (que até era bonito.. mas hoje tenho minhas dúvidas) nós precisamos praticar Yoga porque queremos tornar o nosso mundo melhor, nem que seja apenas dentro do bairro onde a gente vive, ou no ambiente no qual estamos socialmente inseridos. Precisamos buscar um lugar mais harmônico e mais leve para se viver. O Yoga melhora as nossas relações!

Se a gente vai salvar o mundo, realmente eu não sei. Mas precisamos fazer a nossa parte! É como aquela velha metáfora do incêndio na floresta, onde todos os animais se mobilizaram para apagar aquele fogo imenso, e o elefante que jorrava litros de água com sua tromba nas labaredas, olha para o pequeno passarinho e diz: Vem cá seu passarinho, você acha que apenas com esta gotinha de água que você pode carregar, és capaz de apagar estas chamas imensas. E o passarinho sabiamente responde: Apagar eu não sei, mas estou fazendo a minha parte!

Então sejamos passarinhos nesta floresta em chamas. Vamos buscar uma forma de sentir mais amor pelas pessoas, e deixar um pouco de lado aquilo que só nos satisfaz, ou ao nosso ego, a nossa vontade de  sermos aceitos. Vamos tentar amar sem pedir nada em troca. E nas relações conjugais, que possamos ter a sorte de encontrar parceiros com esta “alma feminina” que ao meu ver nada mais é que uma pessoa com uma certa dose de sensibilidade e segurança de quem ser quem se é!

"Todos estes que aí estão,
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!"

Mario Quintana


4 de jul. de 2012

Comer, comer!!!





Comer, comer!!!


A nutrição inicia-se na vida intra-uterina e prossegue do nascimento até o fim da vida. A vida é uma contínua busca por alimento, precisamos nos alimentar diariamente para manter nosso organismo funcionando satisfatoriamente. Da nutrição deriva a produção dos 3 doshas e dos 7 dhatus (tecidos). A saúde do corpo e da mente depende de uma boa nutrição.

Nossas células estão sempre em constante renovação: cabelos, unhas, pele, ossos, sangue; sempre há células nascendo e morrendo, e a matéria-prima fundamental é o alimento que ingerimos. De acordo com fisiologia ayurvedica, cada tecido do corpo, depende diretamente do bom funcionamento de todo o organismo; o resultado disso é um corpo mais saudável, e mais resistente às doenças. Precisamos estar sempre atentos ao nosso sistema imune, resfriados que não vão embora, ou que freqüentemente nos deixam abalados, é sinal de que alguma coisa está errada. E pode confiar que é na sua alimentação!

Segundo o Dr.Paulo de Tarso, no livro chamado Medicina Integrativa – A cura pelo equilíbrio; o risco de enfermidades é minimizado com a ingestão de oito a dez porções de frutas e legumes ao longo do dia (cada porção equivale ao volume de uma bola tênis). Essa é um ótima maneira de obter todas as vitaminas, sais minerais e micronutrientes que o corpo precisa diariamente.

O alimento é aquilo que nutre o corpo, a mente e o espírito. Cada pedaço de comida precisa ser digerido pelo organismo, caso contrário, os excessos serão transformados em toxinas, ou AMA, dando inicio a uma série de doenças. Neste caso, diferente do que é dito normalmente: Você é o que você come. Deveria ser substituído por: Você é aquilo que seu organismo é capaz de digerir!

Devemos compreender que comer é um ato sagrado, uma oferenda para aplacar nosso fogo interno (Jatharagni), por isso a refeição deve ser sacralizada e ritualizada e o alimento oferecido para Deus antes de ser ingerido.

Mas nem sempre levamos em consideração este aspecto sagrado da alimentação, e comemos apenas para matar a fome, ou como uma fonte de satisfação sensorial. O ato de cometer violência ao nos alimentarmos por exemplo, é apenas uma forma de mostrar a dominação sobre as outras formas de vida.

É claro que os vegetais, legumes e frutas também são sacrificados para nos servir de alimento, mas sabemos que o animal sofre, chora e descarrega a energia do pavor e do medo na carne que mais tarde consumimos. É uma questão de escolha e também de gosto, e isso, na minha humilde opinião não se discute.

Devemos consumir os alimentos adequados às nossas verdadeiras necessidades, preparados de forma adequada para potencializar suas qualidades, em ambiente apropriado, em companhia adequada, fazendo da refeição um ritual de agradecimento e louvor à Vida.

Os alimentos também afetam a nossa forma de pensar. É uma relação direta. Quando o alimento é puro, nossa mente é pura, e desenvolve a qualidade de SATWA, que representa clareza e equilíbrio. Uma dieta composta por carnes, ovos, alimentos muito condimentados, processados, ácidos, aumentam RAJAS na mente; pensamos demais, muita agitação, dificuldade de percepção e concentração.

Quando a dieta é composta por alimentos estragados, de gosto ruim, conservados por muito tempo, ou “requentados” aumentamos TAMAS na mente: a inércia, letargia e tristeza.

 Alho e cebola por exemplo são alimentos que promovem Rajas e Tamas na mente, enraízam mais fortemente a consciência no corpo e por isso são deixados de lado pelos Yogues.

Por isso, é aconselhável estarmos sempre conscientes no momento de fazer a escolha do que colocar no prato, refletindo e manifestando o autocuidado. É claro, com a nossa vida agitada, falta de tempo, nem sempre é possível rememorar todos estes aspectos, mas se começarmos por prestar mais atenção antes de dar a primeira garfada, muita coisa pode mudar!

Procure não comer sob emoções muito fortes, tristeza, raiva, angústia. Evite as reuniões-almoço! Falar excessivamente neste momento não vai resolver sua vida e lhe trará uma boa quantidade de gases. Quanto mais colorido seu prato, maior o número de nutrientes. E ingira somente o suficiente para saciar a fome, coma devagar e evite os líquidos, principalmente gasosos. São pequenas atitudes que refletem em uma boa saúde no corpo, pele e cabelos! Comer, comer: é o melhor para poder crescer!!!

Como sugestão, acrescente este pequeno mantra para antes das refeições, não leva nem um minutinho...

aham vaisvanaro bhutva dehamasritah
pranapanasamayuktah pacamyannam caturvidham

Residindo no corpo de todos os seres como o fogo digestivo, 
Unido ao sistema fisiológico, o Senhor digere todos os tipos de comida.


Namastê!